Crónica Harmonizando Vinho e Turismo: ENOPORT

A 30 Km de Lisboa há uma quinta escondida entre colinas verdejantes onde os vinhedos se estendem até onde a vista alcança. É ali, na quinta do Boição em Bucelas, que a magia acontece e a casta Arinto ganha vida. Decidimo-nos aventurar por estas terras mágicas e descobrir os segredos por trás desta casta tão especial.

Ao chegar à quinta, somos recebidos por uma mulher de sorriso caloroso chamada Olena, a responsável pelo enoturismo. Desde o primeiro momento, podemos sentir o seu profissionalismo e dedicação à arte de bem receber os visitantes. Com uma paixão contagiante, guia-nos pelos caminhos sinuosos da quinta, revelando a história e os segredos do Arinto, casta que batiza Bucelas como a Capital do Arinto.

Os aromas cítricos e minerais, a acidez fresca e equilibrada e a estrutura elegante são características emblemáticas dos Arintos produzidos nesta região. Pequenas curiosidades: Shakespeare importava vinho desta região, de tanto que gostava desta casta. Bucelas é uma das 9 DOCs’ que fazem parte da região vitivinícola de Lisboa, onde a casta branca Arinto encontra nesta região o seu terroir nativo. Os solos argilosos e calcários, assim como os ventos influentes do atlântico, influenciam o perfil dos vinhos aqui produzidos.

Enquanto caminhamos entre as vinhas, a Olena explica a história da quinta e de como a casta Arinto encontra o seu equilíbrio perfeito nestas terras, com o clima temperado e a influência da brisa atlântica. E ali, mesmo no meio das vinhas apoiados por uma barrica de madeira recuperada, a Olena apresenta um sabre para fazer a demonstração do Sabrage, para depois provarmos um espumante magnífico produzido da casta… sim, Arinto! Aqui entra a sabedoria e experiência do André que, com toda a graciosidade, realiza o ato na perfeição: Segura a garrafa de espumante e, com movimento continuo, o sabre é deslizado pela garrafa fora até embater no gargalo, fazendo com que a rolha salte, libertando as bolhas preciosas que tanto gostamos.

Próxima paragem: a adega. Aqui os aromas do vinho dançam majestosamente no ar. Conduzindo-nos através dos corredores de barricas de carvalho e cubas de inox, a Olena explica-nos o processo de fermentação e maturação que conferem ao vinho as suas características únicas. É um ritual meticuloso, com cada etapa do processo sendo cuidadosamente monitorada e aperfeiçoada.

Chegou então o momento mais esperado: a prova do néctar dourado. A primeira prova é feita num copo reluzente de Arinto, e nós rendemo-nos com a explosão de sabores cítricos e minerais que dançavam no palato. Cada gole conta uma história, transportando-nos para as colinas onde as uvas foram cultivadas e para a paixão de quem as cuidou com amor e dedicação.

Durante a prova, a Olena conta histórias fascinantes sobre a quinta do Boição e a sua ligação com a casta Arinto, e como as tradições se misturam com técnicas modernas de vinificação, resultando em vinhos únicos e distintos. É um verdadeiro tesouro escondido no coração de Bucelas.

Seguimos para as Caves Velhas, uma das marcas de vinho mais reconhecida de Portugal, dada a sua tradição, longevidade e qualidade dos vinhos.  Provámos 6 vinhos estrela deste produtor, com direito a ver todo o património e espólio de garrafas bem antigas. Ah, e o doce de Arinto com queijo… maravilha!  No final da visita, despedimo-nos com um sorriso e de alma cheia.

Encontrámos em Bucelas o destino ideal como ponto de partida para o mundo encantado do vinho. A proximidade de Lisboa, a simpatia das pessoas, o profissionalismo e simpatia de Olena e a qualidade dos vinhos, tornaram cada momento especial e único, justificando esta ida até à capital do Arinto.

Quanto a si, caro leitor, teremos mais histórias vínicas para si até que nos queira ler e saber mais sobre vinho e enoturismo. Descubra o enoturismo em Portugal e deixe-se encantar por este país tão único que é o nosso. Vai ler que vale a pena.

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Harmonizando Vinho e Turismo,

André Villa de Brito e Pedro Valle Abrantes